A beleza em cada instante 

Por Michele Müller

Florence Harrison, para “Early Poems of William Morris”

Quando a passagem do tempo se faz perceber de forma nítida – o filho que cresce, a morte, as perdas, as marcas, as lembranças – entendemos que a beleza é feita de instantes.

Na observação atenta a esses instantes, que muitas vezes nos escapam assim que lhes deitamos o olhar, nos rendemos aos fascínios deste mundo. Praticamos o que poeta e filósofo britânico David Whyte define como uma forma silenciosa e profunda de gratidão:

“Enxergar a essencialidade miraculosa da cor azul é ser grato sem a necessidade de encontrar palavras para agradecer. Enxergar toda a beleza existente no rosto de um filho é sentir-se plenamente grato sem necessitar de uma divindade para isso.

Sentar entre amigos e estranhos, escutar vozes e opiniões, perceber a vida existente por baixo da superfície, habitar muitos mundos de uma só vez, ser alguém entre outros alguéns e poder conversar sem precisar dizer uma palavra são formas de aprofundar nosso senso de presença e, dessa forma, o reconhecimento de que tudo o que acontece nos envolve e ao mesmo tempo não depende de nós; somos ao mesmo tempo testemunhas e participantes.

A gratidão encontra sua plenitude na generosidade da presença, tanto por meio da participação como da observação”

Leia também:

Beleza aprende-se a enxergar.

Michele Müller

27 fevereiro 2017

As possibilidades que o amor desperta

“A inspiração é uma visita que sempre chega de surpresa”, escreveu o filósofo e poeta irlandês John O’Donohue em sua mais conhecida obra, Anam Cara (Amigo de Alma),

Michele Müller

1 novembro 2019

Perdoar não é um ato de esquecimento, mas de compaixão

Em Portugal, a parte do corpo machucada está “magoada”. Aprendi isso na prática, quando caí de uma escada, torci o pé e fui acudida por uma senhora que perguntou

Powered by tnbstudio