6 março, 2019
As vantagens de uma mente flexível em um mundo dinâmico
Depois de trocar algumas vezes de canal, você começa a ver um filme, do qual nada sabe a respeito. Minutos depois, sem que ninguém lhe diga, você já sabe se a história é atual, futurista ou de algum período do passado. As roupas, os cabelos, a linguagem e os cortes de cabelo ajudam a marcar cada época.
A humanidade sempre esteve em constante transformação e adaptação. Mas as mudanças vividas nas últimas décadas são muito mais profundas do que qualquer alteração de estilo ou tendência de época. Essas transformações também estão bem refletidas nos filmes atuais: a comunicação entre os jovens acontece em grande parte em ambientes virtuais, pessoas trabalham e estudam à distância, a informação é propagada de forma incrivelmente rápida, e a tecnologia é usada como extensão do cérebro.
Essas novidades impactam a forma como pensamos e vivemos, tornando-se parte do material que forma nossa identidade. Elas interferem em nossos sentimentos e ações, moldando a maneira como interagimos com o mundo. Hoje, a maior parte dos nossos planos, relacionamentos, conhecimentos e até ansiedades é gerada a partir de recursos que passaram a existir há pouco tempo. Em dez anos, possivelmente estaremos dedicando parte de nossas vidas a uma atividade que hoje ainda nem foi criada.
Em contrapartida, dentro de dez anos, os ninhos das aves continuarão sendo iguais ao que sempre foram, os cachorros continuarão usando os mesmos recursos para se comunicar com os humanos, e os gatos de seus filhos terão as mesmas habilidades dos gatos de seus avós. Ao contrário de todas as outras espécies, nós temos o impulso de inovar, criar e viver em um ambiente dinâmico e imprevisível. Isso só é possível graças a uma capacidade fundamentalmente humana, que chamamos de "flexibilidade cognitiva".
“Embora o pensamento elástico não seja um novo talento da espécie humana, as demandas deste momento da nossa história trouxeram essa habilidade do segundo para o primeiro plano e a transformaram em uma aptidão crítica até mesmo para questões rotineiras do âmbito profissional e pessoal. Não se trata mais de uma ferramenta especial daqueles envolvidos na resolução de grandes problemas, inventores e artistas. O talento para o pensamento elástico é um fator importante para o sucesso de qualquer pessoa.”
Todos naturalmente têm uma dose de flexibilidade, e essa qualidade sempre foi necessária para o sucesso nos relacionamentos e na resolução de problemas. No entanto, assim como a flexibilidade muscular, a cognitiva apresenta imensa variação entre as pessoas. Da mesma forma como acontece com o músculo, a mente tende a enrijecer quando sua elasticidade não é exercitada.
O cérebro é projetado para aprender e mudar com a aprendizagem, assim como para mudar e aprender com a mudança. Sua complexidade nos possibilita desde mudanças rápidas de foco, quando recebemos estímulos diferentes, até transformações profundas na forma como agimos e pensamos, de acordo com a necessidade e o ambiente. Quanto mais nos permitirmos conhecer o incerto, mais treinamos a capacidade de adaptar a forma de agir e pensar às necessidades encontradas. A flexibilidade cognitiva depende das mudanças e, ao mesmo tempo, as torna possíveis.
A velocidade com que a informação é distribuída e os saltos de inovação em todas as áreas do conhecimento colocam a rigidez em enorme desvantagem. A resistência a mudanças tende a perder, especialmente no ritmo atual. Isso exige tanto das empresas quanto das pessoas uma capacidade contínua de aprender, reaprender e se adaptar. Por conta disso, a flexibilidade cognitiva entrou na lista das competências mais valorizadas pelo mercado nos próximos anos, segundo o relatório O Futuro do Trabalho, do Fórum Econômico Mundial.
Com muitas ocupações tornando-se desnecessárias e tantas outras sendo criadas, devemos estar preparados para mudar de atividades ao longo da vida profissional. Fazer carreira ganhou outro significado e, hoje, mais que nunca, requer mente aberta a mudanças e novas oportunidades. Pessoas flexíveis tiram proveito do que o novo tem a oferecer e não esperam sentir-se prontas para assumir riscos, pois sabem que nunca estarão.
O conhecimento é um produto da ação, e não o contrário. A escritora Elizabeth Gilbert lembra que todos aqueles que alcançaram grandes conquistas questionaram-se se já estariam prontos para enfrentar o incerto. Talvez nunca se sintam prontos, pois mentes flexíveis sabem que nunca estaremos, já que somos uma espécie em constante transformação. Com a mente aberta para as novidades, os "ginastas mentais" são aqueles que mais aproveitam as oportunidades, usufruem dos benefícios das inovações e contribuem para que o mundo continue evoluindo.
Se você quiser aprender mais sobre flexibilidade cognitiva e como exercitar essa habilidade, você pode fazer meu curso on-line ou contratar um curso in-company.
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