Herman Hesse escreveu, sobre o bom leitor: “ele sabe que para cada verdade há um oposto que também é verdade. Sabe que cada ponto de vista intelectual é um polo tão válido quanto o polo que está na outra extremidade”.
Quem busca segurança nas verdades absolutas impõe barreiras para o próprio pensamento, restringe as possibilidades da vida a leis que se encaixam no nosso limitado intelecto. Mas o aparente conforto gerado pelas certezas costuma revelar sua fragilidade. Quando isso acontece, podemos continuar buscando novas certezas. Ou podemos nos apaixonar pelas belezas do mistério, buscar respostas fora do campo da razão e descobrir consolo na aceitação das próprias limitações. Dessa aceitação que partem muitos dos ensinamentos da sabedoria oriental, primorosamente apresentada ao Ocidente pelo filósofo Alan Watts:
“Pensamos que trazer sentido para a vida é impossível a não ser que o fluxo de eventos possa de alguma forma se encaixar em uma moldura rígida. Pensamos que para ser significativa, a vida precisa ter leis e ideias que sejam inteligíveis e que, ao mesmo tempo, correspondam a realidades eternas e imutáveis encontradas atrás dos cenários transitórios. Se isso representa o sentido da vida, nós nos impusemos a tarefa impossível de construir rigidez a partir da fluidez”.
Alan Watts – The Wisdom of Insecurity (tradução minha)
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