Sobre a beleza das palavras

Por Michele Müller

“A cada dia sou surpreendido por alguma palavra”, confessou Oliver Sacks ao seu companheiro Bill Hayes, autor de The Insomniac City: New York, Oliver and Me – um livro de memórias repleto de pensamentos formulados em conversas entre os dois. Esse deslumbramento pelas palavras se reflete na forma surpreendente e criativa como a mais despretenciosa reflexão é elaborada, revelando singularidades da mente fascinante do neurocientista e escritor.

Oliver Sacks em café e caneta, por Marco Jacobsen

Não é preciso dissecar uma palavra até chegar às suas raizes etimológicas ou históricas para se encantar com o potencial impacto que ela carrega. No caso de Sacks, uma de suas palavras preferidas está presente no discurso de qualquer criança e esconde, em sua simplicidade e frequência, o poder de revelar a complexidade de uma ideia e a virtude da flexibilidade do pensamento.

 

“O Oliver com frequência dizia que “mas” era sua palavra preferida, uma espécie etimológica de virada da moeda, uma vez que ela permite consideração de ambos lados de um argumento, de um tópico, bem como um tipo de olhar-pelo-lado-bom, que era parte de sua natureza, assim como era seu jeito indeciso e hesitante”. Bill Hayes

 

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